Racha uma Breja https://rachaumabreja.blogfolha.uol.com.br Mulheres, histórias e bastidores da cerveja artesanal Mon, 30 Dec 2019 22:19:45 +0000 pt-BR hourly 1 https://wordpress.org/?v=4.7.2 Música, cerveja artesanal e bocha atraem curiosos e população local de Luxemburgo https://rachaumabreja.blogfolha.uol.com.br/2019/09/02/musica-cerveja-artesanal-e-bocha-atraem-curiosos-e-populacao-local-de-luxemburgo/ https://rachaumabreja.blogfolha.uol.com.br/2019/09/02/musica-cerveja-artesanal-e-bocha-atraem-curiosos-e-populacao-local-de-luxemburgo/#respond Mon, 02 Sep 2019 06:20:27 +0000 https://rachaumabreja.blogfolha.uol.com.br/files/2019/09/luxemburgo-300x215.png https://rachaumabreja.blogfolha.uol.com.br/?p=30 “No meu país a gente tem que servir a bebida para o outro, na hora do brinde, para que os nossos filhos não nasçam estúpidos”, me disse um polonês de nome impronunciável em um bar de cervejas artesanais, em Luxemburgo. 

“Eu já vi muitas superstições na hora do brinde”, contestei. “A maioria relacionada com sexo (ou a falta de, no caso). Mas crianças estúpidas? Essa é nova”. 

“É para que as pessoas evitem de beber sozinhas”, explicou. 

“Funciona?”, perguntei. 

“O que você acha?”.

O diálogo aconteceu no bar Artisan’ale, onde os cervejeiros Patricia Garbelini, 36, e seu companheiro Sergio Leal, 40, são sócios. Há pouco menos de dois anos, o casal, que vive na Europa desde 2005, abriu a cervejaria Totenhopfen em Luxemburgo. E, desde então, já conquistaram o 2º lugar dentre as 100 melhores novas cervejas do mundo segundo o RateBeer.

Brasileira, Patricia estudou relações internacionais mas sempre trabalhou com marketing. Ela ainda consegue manter um emprego remoto na área, mas dedica grande parte do seu tempo à Totenhopfen. Me contou que não teve muita dificuldade em abrir a cervejaria. “Como somos ciganos, o processo é mais rápido. Eu já tinha uma empresa em meu nome, expandi a atuação dela e pedi uma licença para vender a nossa cerveja. A burocracia saiu em coisa de duas semanas”, explicou. Ciganas são as marcas que produzem em fábricas terceirizadas.

“Além de toda a produção, que toma muito tempo, aprendi a aliar a minha área de atuação à cervejaria. Entendi que o marketing é uma parte importante do processo. Você tem que estar visível. Além disso, é preciso deixar as portas abertas ao público que não tem intimidade com as crafts. A produção é muito importante, mas o trabalho do bastidor também”, disse.

Patricia Garbelini, cervejeira da Totenhopfen, serve uma Stout no Kirchbéier Luxembourg Craft Beer Festival (Foto: Maria Shirts)

 

No último sábado (31) e domingo (1), acompanhei a Totenhopfen no Kirchbéier Luxembourg Craft Beer Festival, um evento que reuniu algumas cervejarias (da região e de fora) para um final de semana descontraído no parque.

Diferente do BXL Beer Fest, o Kirchbéier é um festival voltado para pessoas que não são, necessariamente, do meio cervejeiro. Lá havia menos de 20 cervejarias, a maioria de Luxemburgo, oferecendo muitas opções de IPAs americanas -o que eu não havia visto em Bruxelas. Parece que, mesmo na Europa, o público em geral prefere o estilo. Pelo menos em Luxemburgo. 

Tomei muita coisa boa. Mas, para mim, ganharam a Bloody Vlad (uma Red IPA com frutas vermelhas), da Totenhopfen, a Black Orb (uma Gose com cassis), da dinamarquesa Dry & Bitter, e a Letra C (uma Stout com aveia), da portuguesa Letra. 

A céu aberto, o festival tinha DJ, uma ou outra opção de comida, várias turminhas jogando bocha (parece que é um hit, inclusive entre os jovens), bastante criança e muitos casais de meia idade. Ouvi pelo menos cinco línguas diferentes, o que é praxe por aqui -para além das línguas mais comuns como o luxemburguês, alemão e francês, 15% da população é portuguesa, de modo que dá pra matar um pouco a saudade de casa.

As cervejas custavam 2 (R$ 9), e eram servidas em um copo de 150ml que você comprava por 5 (R$ 22) na entrada. Um aviso grande no painel de LED dizia “se quiser, lave você mesmo o seu copo nas máquinas de água que disponibilizamos ao fundo da tenda 1”. Sem frescura.

O estande da Totenhopfen, sempre cheio, estava com nove opções de cerveja, dentre elas algumas IPAs, Sours e Stouts. Cinco das torneiras eram da própria cervejaria, e as outras quatro da associação sem fins lucrativos da qual fazem parte, a Schmaacht et? (em tradução livre: “Gostou?”). 

“Esse projeto começou há dois anos e foi uma ideia que tivemos entre amigos. Queríamos fazer uma associação com o objetivo de educar as pessoas, introduzir a cerveja artesanal com mais frequência no cotidiano da cidade. Hoje fazemos eventos mensais aqui em Luxemburgo e sempre convidamos cervejarias de lugares diferentes para participar. A ideia é aproximar o público, incentivar a produção independente e de cervejeiros caseiros e tomar cerveja juntos”, explicou Patricia. Bem que a ideia podia pegar no Brasil.

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